#5 - Decifrando o MVP: Qual é o tipo certo para o seu negócio?
Conheça os 3 principais tipos de MVP e aprenda como escolher o mais adequado para seu projeto SaaS.
Bem-vindo à edição #5 da “Jornada SaaS”! 👋
Seja bem-vindo a mais uma edição da nossa newsletter. Se você esteve comigo nas últimas edições, sabe que já exploramos como validar suas ideias usando landing pages e tráfego pago. Também mergulhamos nas conversas com usuários iniciais para obter aquele feedback essencial que pode transformar uma ideia em um verdadeiro sucesso.
Hoje, vamos avançar mais um passo importante. Chegou a hora de falar sobre a construção do seu MVP, o Produto Mínimo Viável. Escolher o tipo certo de MVP é fundamental para não desperdiçar tempo, dinheiro e energia em algo que pode não trazer os resultados esperados. Nesta edição, vamos abordar os diferentes tipos de MVP e como escolher o tipo mais adequado para o seu projeto. Preparado? Vamos lá!
Definindo o Objetivo do MVP
Antes de mergulhar de cabeça na construção de um MVP, é fundamental ter um objetivo claro em mente. Sem um propósito bem definido, você corre o risco de desperdiçar tempo, dinheiro e energia em algo que ninguém quer. O objetivo do seu MVP deve ser provar ou refutar uma hipótese específica sobre seu produto e seu público-alvo.
Eu sei, já falamos sobre validação aqui. Mas, mesmo que você tenha feito uma validação inicial conversando com usuários, com tráfego pago, ou de qualquer outra forma, ela te dá apenas alguns (bons) indícios de que está indo pelo caminho certo. O que vai de fato validar sua ideia, é o cliente usando e pagando pelo seu produto.
Pense no MVP como um experimento científico. Você tem uma teoria sobre como seu produto resolverá um problema para seus usuários, mas precisa de dados concretos para validar essa suposição. O MVP é a ferramenta que permite testar sua hipótese de forma rápida e eficiente, com o menor investimento possível.
Formulando Hipóteses
Agora, vamos à parte prática: como formular as hipóteses que seu MVP vai testar. Pense nas suposições mais críticas que você tem sobre seu produto e seu mercado. Se faça essa pergunta: “Quais são as dúvidas mais urgentes que preciso esclarecer antes de avançar?”.
Por exemplo, no AbeeTest.ai, eu quero saber se os empreendedores digitais realmente valorizariam uma ferramenta de testes A/B com IA que sugere variações de copy.
Minha hipótese principal é: “Empreendedores digitais pagariam para usar uma ferramenta de testes A/B com IA se ela puder simplificar o processo de criação e análise de variações de copy para serem testadas.” Com isso em mente, todo o desenvolvimento do MVP está sendo direcionado para testar essa hipótese específica.
Para testar essa hipótese, estou trabalhando em um MVP que foca nas funcionalidades essenciais: geração automática de variações de copy e análise de resultados. Esse objetivo claro me permitiu focar no que realmente importava e não perder tempo em funcionalidades que não vão provar (ou “desprovar”) a minha tese.
Lembre-se, o objetivo do seu MVP não é criar um produto perfeito, mas sim aprender o máximo possível com o menor investimento. Ao definir um objetivo claro e formular hipóteses testáveis, você está definindo uma base sólida para o sucesso do seu produto.
Os 3 Principais Tipos de MVP
Agora que você já sabe a importância de definir claramente o objetivo do seu MVP, vamos mergulhar nos diferentes tipos de MVP que você pode usar para validar sua ideia.
Existem três abordagens principais para criar um MVP: automação humana, no-code (usando ferramentas) e full-code (programando). Cada uma delas tem suas vantagens e desvantagens, e a escolha certa dependerá do seu produto, público-alvo e recursos disponíveis. amos começar com o MVP por automação humana, também conhecido como “Concierge MVP”.
MVP por Automação Humana
O MVP por automação humana é aquele em que tarefas que eventualmente seriam automatizadas são realizadas manualmente por humanos. Esta abordagem permite testar e validar a ideia do seu produto sem a necessidade de desenvolver um sistema complexo desde o início. É uma forma eficiente e econômica de obter feedback real e ajustar seu modelo de negócio antes de investir em tecnologia.
Sim, nessa abordagem, você literalmente executa o serviço manualmente, como se fosse um assistente pessoal, atendendo às necessidades dos seus usuários de forma personalizada.
Um exemplo clássico de MVP por automação humana é a história da EasyTaxi (que hoje é do Cabify). No início, os fundadores validaram a ideia sem escrever uma única linha de código. Eles criaram uma landing page simples, anunciando o serviço, e quando alguém solicitava uma corrida, a equipe manualmente ligava para os taxistas parceiros e pediam o taxi para o cliente. Você pode ver como era esse MVP aqui.
Essa abordagem permitiu que a EasyTaxi testasse rapidamente sua hipótese e aprendesse valiosas lições sobre as necessidades dos usuários e a logística do serviço. Somente depois de validar a demanda, eles investiram no desenvolvimento de um aplicativo completo.
MVP No-Code (sem código)
O MVP No-Code é aquele que você constrói usando ferramentas visuais e intuitivas, como Bubble, Airtable ou WeWeb. É (quase) como brincar de Lego, só que no final você tem um produto funcional pronto para ser testado no mercado.
A beleza do MVP No-Code é que você não precisa ser um mestre em programação para criar algo incrível. Essas ferramentas foram projetadas para serem acessíveis a todos, desde o empreendedor iniciante até o veterano da tecnologia.
Mas quando é a hora certa de apostar em um MVP No-Code? Essa abordagem é ideal quando sua ideia pode ser validada sem a necessidade de algo muito complexo. Se você precisa de funcionalidades básicas, como formulários, bancos de dados e integrações simples, as ferramentas no-code podem dar conta do recado.
Um exemplo inspirador de empreendedor que está desbravando o mundo do no-code é o do Tiago Costa (@construindoumastartup). Ele está fazendo “build in public” de várias ferramentas SaaS construídas com Bubble, e o resultado tem sido impressionante.
Uma das suas criações, inclusive, já foi até vendida! Isso mostra o poder do MVP No-Code: você pode transformar uma ideia em um produto viável e até mesmo rentável sem precisar escrever uma linha de código sequer.
O segredo é focar no essencial e não se perder tentando criar a solução perfeita de cara. Com um MVP No-Code, você pode testar sua ideia rapidamente, coletar feedback dos usuários e iterar até encontrar o product-market fit.
Vale lembrar que ao usar No-Code, você está essencialmente confiando sua base de código a uma plataforma de terceiros. Isso significa que você não tem controle total sobre a infraestrutura e está sujeito às limitações e mudanças de preços da plataforma escolhida.
Uma estratégia inteligente é encarar o MVP No-Code como um trampolim para validar sua ideia e ganhar tração inicial. À medida que seu produto evolui e você começa a precisar de mais flexibilidade e controle, pode ser hora de considerar uma migração para uma solução full-code.
MVP Full Code (com código)
No MVP Full Code, você (ou alguém que você contratou) desenvolve seu produto do zero, usando linguagens de programação e frameworks escolhidos a dedo. É como ser o arquiteto e o construtor da sua própria casa, decidindo cada detalhe e personalizado tudo de acordo com suas necessidades.
A abordagem Full Code é necessária quando a sua ideia exige funcionalidades específicas e complexas que não podem ser alcançadas com ferramentas no-code. Se o seu produto precisa de escalabilidade, integrações complexas, ou recursos personalizados que são cruciais para o funcionamento do negócio, um MVP Full Code é a escolha certa.
Além disso, se você já tem habilidades de programação ou acesso a alguém de confiança que tem essa habilidade e pode se tornar seu sócio no negócio, essa abordagem pode proporcionar um maior controle sobre o produto final.
No caso do AbeeTest.ai, embora eu pudesse ter começado com um MVP No-Code para validar a ideia, decidi partir direto para o código. Eu sabia que, no longo prazo, precisaria de um controle total sobre a base de código para garantir a performance e a flexibilidade necessárias.
Claro, desenvolver um MVP com código geralmente leva mais tempo e recursos do que usar ferramentas no-code. Você precisa de habilidades de programação sólidas (ou de um time de desenvolvimento experiente) e estar preparado para lidar com os desafios técnicos que surgirão ao longo do caminho.
A vantagem do MVP com código é que você tem total liberdade para construir seu produto exatamente como imaginou. Você pode personalizar cada detalhe, otimizar a performance e criar uma base sólida para escalar seu negócio.
Como eu programo a tanto tempo que me sinto velho só por fazer as contas, pareceu a escolha certa para mim. Mas, tem um porém. Mesmo optando por usar código, você não precisa reinventar a roda. Muitas vezes, os programadores (e eu me incluo nessa) se empolgam com a ideia de construir tudo do zero e acabam perdendo tempo e recursos desenvolvendo funcionalidades que já existem prontas por aí em frameworks ou bibliotecas.
Outro ponto a ser evitado é deixar o preciosismo técnico tomar conta do processo de construção do MVP. É tentador querer criar o código mais elegante, otimizado e escalável desde o primeiro dia, mas isso pode acabar atrasando o lançamento do seu produto e desperdiçando recursos valiosos.
Lembre-se: o MVP é sobre aprendizado e validação, não perfeição. Foque nas funcionalidades essenciais que irão entregar valor aos seus usuários e permita que seu produto evolua de forma orgânica. À medida que você recebe feedback e ganha tração, poderá refatorar e otimizar seu código gradualmente. O importante é não deixar que o preciosismo técnico se torne um obstáculo para o lançamento do seu MVP.
Tá, mas qual deles é o certo para mim?
A escolha do tipo de MVP depende de diversos fatores, como suas habilidades técnicas, seus recursos disponíveis e seus objetivos de longo prazo. Aqui estão alguns critérios para ajudar você a decidir:
Complexidade do produto: Se sua ideia exige funcionalidades complexas e integrações avançadas, o MVP Full Code pode ser o caminho a seguir. Mas se você pode validar sua ideia com recursos mais simples, considere o No-Code ou até mesmo MVP por Automação Humana.
Habilidades técnicas: Você ou algum sócio têm experiência em desenvolvimento de software? Se sim, o MVP Full Code pode ser uma opção viável. Caso contrário, o No-Code pode ser uma alternativa mais acessível e com curva de aprendizado menor.
Tempo e recursos disponíveis: O MVP por Automação Humana é a abordagem mais rápida e barata, ideal para validar ideias com o mínimo de investimento. O No-Code leva um pouco mais de tempo, mas ainda é mais rápido que o Full Code, que requer mais recursos e expertise técnica.
Escalabilidade: Se você prevê um crescimento rápido e uma demanda por alta performance ou segurança, o Full Code pode ser a melhor escolha a longo prazo. Mas se você pretende iterar rapidamente e testar diferentes ideias, o No-Code pode ser suficiente.
Para facilitar ainda mais sua decisão, preparei uma tabelinha comparando os três tipos de MVP:
Não existe uma resposta única e definitiva. O tipo de MVP ideal para você depende do seu contexto específico e das necessidades do seu produto. O importante é pesar os prós e contras de cada abordagem e tomar uma decisão consciente.
E não se esqueça: o MVP é apenas o começo da jornada. Independentemente do tipo escolhido, o objetivo é aprender, iterar e evoluir seu produto com base no feedback dos usuários. Então, não tenha medo de experimentar e adaptar sua estratégia ao longo do caminho.
Amarrando as Pontas: Seu Resumo Prático sobre MVPs
Ufa, quanta informação, hein? Vamos recapitular os pontos-chave para fixar bem o que falamos hoje:
MVPs são essenciais para validar ideias e aprender com os usuários antes de investir tempo e recursos em um produto completo.
Existem três tipos principais de MVP: Automação Humana, No-Code e Full Code. Cada um tem suas vantagens e desvantagens, dependendo do contexto e das necessidades do produto.
O MVP com Automação Humana é o mais rápido e barato, perfeito para validar ideias com o mínimo de investimento. O No-Code permite criar produtos funcionais sem precisar de habilidades de programação avançadas. Já o Full Code oferece total flexibilidade e controle, mas requer mais tempo e recursos.
Para escolher o tipo certo de MVP, avalie fatores como complexidade do produto, habilidades técnicas, tempo e recursos disponíveis e escalabilidade.
Independentemente do tipo escolhido, o objetivo do MVP é aprender e evoluir o produto com base no feedback dos usuários. O importante é dar o primeiro passo e estar aberto para adaptar a estratégia ao longo do caminho.
Agora que você está por dentro desse assunto, que tal compartilhar esse conhecimento com sua rede? Sabemos o quanto a jornada de empreender pode ser desafiadora, e esse tipo de informação pode fazer toda a diferença para alguém que está começando.
Qual a sua experiência com MVPs?
Ah, e se você já colocou a mão na massa e criou seu próprio MVP, quero saber como foi pra você! Compartilhe sua experiência respondendo a este e-mail ou comentando aqui embaixo. Adoraria ouvir sobre seus desafios, aprendizados e conquistas.
“Semanário” de bordo
Essa semana foi um pouco diferente para mim. Nos últimos meses, estive em um ritmo bastante intenso, conciliando meu trabalho em tempo integral na Eduzz, com o AbeeTest.ai, a newsletter, estudos de copywriting (estou fazendo um curso bem aprofundado que me toma pelo menos 1 hora por dia - em breve compartilharei alguns insights aqui), tráfego, SEO…
E esse ritmo intenso me fez perceber alguns sinais iniciais de que se eu não pegasse mais leve, (mais) um burnout viria em algumas semanas. Com o tempo e a experiência de já ter passado por isso algumas vezes, hoje consigo identificar os sinais e evitar que isso aconteça (também devo falar sobre isso em breve).
Então, nesta semana, decidi pisar um pouco no freio. Trabalhei apenas nas entregas realmente essenciais e me esforcei para esvaziar a mente, dedicando o máximo de tempo possível a atividades não relacionadas a empreender ou trabalhar.
É preciso estar atento aos sinais de esgotamento e agir antes que o burnout bata à porta. Posso dizer que funcionou, e me sinto pronto pra voltar com tudo na próxima semana!
Indicações da Semana
💻 Vídeo: How To Plan Your MVP in 5 Simple Steps - MicroConf [link aqui]
Foi o vídeo que me inspirou a escrever essa edição. MicroConf é uma comunidade de empreendedores SaaS que criam negócios sem receber investimento externo (o famoso bootstrap), fundada pelo Rob Walling, que eu já mencionei aqui. O conteúdo criado por eles é riquíssimo, e se souber se virar no inglês, recomendo muito acompanhar.
🎮 Jogo: Kingdom Come: Deliverance [link aqui]
Parte da minha estratégia para desconectar e recarregar as energias foi retomar um hábito que havia deixado de lado nos últimos meses: jogar videogame. E que escolha incrível eu fiz ao optar por Kingdom Come: Deliverance! Este RPG de mundo aberto te transporta para a idade média com um realismo impressionante. Você começa como um simples camponês e, através de muito trabalho duro, trilha seu caminho para se tornar um legítimo cavaleiro. Com uma história rica em detalhes (inclusive históricos), este jogo é uma verdadeira joia. Se você curte RPGs envolventes e desafiadores, não pense duas vezes antes de embarcar nessa aventura medieval.
Obrigado por ler até aqui!
Espero que esse conteúdo tenha gerado valor pra você :)
Nos vemos na próxima edição da “Jornada SaaS”!
Abraço,
Ronaldo Scotti